Muitos temas são comuns para com a nossa realidade, alguém tem dúvida?
A cultura-mundo como civilização
A quarta e a última parte do livro de Lipotevsky e Serroy, nos fala que é necessário alimentar debates, fixar prioridades e traçar linhas visando afastar a Hipermodernidade da selva que ela tende a ser. Anuncia que (p. 150) aparenta ser elementar mas tudo passa pela Educação.
E desta forma nos contemplam sobre a deteriorização da escola, sobre a desvalorização dos professores. A Educação continua valorizada em países e populações em que o acesso à educação não é garantido a todos. Mas que em países desenvolvidos o aluno considera uma obrigação a sua participação na escola sem lhe dar o respeito de antigamente.
Aponta que a cultura consumista-hedonista-individualista minou a escola, já que a realização imediata dos desejos dos alunos faz a negação dos imperativos antropológicos do processo educativo.
Mais adiante questiona se aquela escola de antes conseguia despertar o espírito crítico melhor do que na escola de hoje? Será? Recordem, éramos críticos?
A escola não vai bem e pede uma reforma intelectual profunda. E que é necessário denunciar os desvios da pedagogia e reforçar a segurança contra a desorientação.
Cita como medidas:
Elevar o professor e o aluno, como em um aristotelismo em justos meio-termos.Conciliar a liberdade do aluno com a autoridade de quem forma.Recolher o melhor do antigo sistema e do novo o que há de melhor. Utilizar as novas tecnologias confiando aos alunos o cuidado de transformar em imagens a formação que recebem, orgulhando-os do que fazem.Diálogo e escuta.Dedicação do professor ao universo do aluno: abertura da escola às novas tecnologias, Aprendizagem de historia, geopolítica, etc através de games, concebidos para tal.Criação de avatares no SL para que aconteça uma vivência no seio de realidades profissionais , financeiras , tecnológicas, políticas, neutralizando o corte entre a vida real e a vida virtual.Uso de redes sociais para interações, Enfim não deixar acontecer da escola perder a posição que sempre foi sua, a de lugar de aprendizagem.Fortalecer o componente de experiências práticas pois o fosso que existe entre a escola lugar de conhecimento teórico e o conhecimento prático é handicap para aprendizado do mundo.Visitas de profissionais experientes em um horário significativo.Dar importância à cultura geral como um conjunto de conhecimentos e nunca como amontoado de informações.O estudo da história geral, a evolução das mentalidades, das artes, religiões, das técnicas, dos sentimentos, dos costumes , da vida e da morte. A história do capitalismo, da loucura, do risco, da guerra, da vida privada etc. Um alicerce comum dos conhecimentos , fortalecendo uma cultura de inteligência e da criatividade.
Implementa que há uma necessidade de dar lugar à imaginação, à multiplicação de idéias.
Em toda a sociedade se enxerga uma constância em que as contradições da cultura, ao sacralizar o imediatismo dos desejos, nega o imperativo antropológico do processo educativo.
Uma boa escolarização, na atualidade, não é só entregue à escolarização, existem os sites, chats, downloads, publicidade e segue a dizer que a nossa escola necessita de uma “sacudida” , de uma reforma intelectual para que a escola possa honrar seu compromisso de mobilidade social e promessas de formação.
Afirma que não se trata de negar o ontem ou mesmo voltar a ele e nem de negar o mundo de hoje. Tornar os alunos orgulhosos dos professores que os acompanham. E que os professores acompanhem as inovações tecnológicas. Mas ao mesmo tempo o contato com as grandes obras é importante na formação do espírito.
Enquanto se levanta o valor das tecnologias educativas suspeitas de cretinizarem a criança e criarem vícios , caberá à própria escola levar m conta esta tecnologia para um aprendizado pertinente, não sendo uma questão de duvidar da pertinência, mas de oferecer um complemento experiencial, alonga o autor .
“O fosso que existe de fato entre a escola, lugar de aquisição do saber teórico, e a atividade social, lugar da atividade prática, é um handicap importante...”( p.159)
De um modo geral, os autores apontam para uma reforma curricular onde o ensino da história se manifeste como conhecimento importante ligado a todas as áreas de conhecimento.Como os docentes estão desorientados, uma perspectiva histórica , com uma visão larga, os ajudará a ter o sentido que a desorientação nos rouba.
Repensam também a Universidade e o seu currículo, situando-as no contexto atual de cultura-mundo, mais centrados nos métodos, abordagens históricas e epistemológicas.
Nas últimas páginas os temas de estética e cruzamento das diversas artes, é de uma mudança na política cultural de acesso.Porque cultura é algo que se aprende primeiro antes de se apreciar!E que a diversidade é bem vista como oportunidades e vitalidade.
Afirmam que programar debates intelectuais, filosóficas, dossiês históricos, fóruns literários, encontros sobre questões urbanísticas, religiosas e artísticas de vem ocorrer em tempo de visibilidade para todos e não ao que intitula de “sopa” servida para contagem de audiência.
Que a solidariedade é bem vista nas novas gerações, diante do fim das grandes ideologias ocorrendo a substituição do engajamento político.
Concluindo, os autores apontam para as causas e efeitos da desestruturação, e que acontece no momento o desejo de religações , a procura de novas regulações, e que as certezas antigas nunca mais irão ocorrer.
Ao mesmo tempo assinalam que a desorientação não é o apocalipse, sendo necessário reforçar a coesão social, reabilitar as formas de trabalho em novos tempos, investir no capital humano.E que daí, nos juntamos à função eterna antropológica da cultura: educar e socializar o homem.
“A cultura não é contra a paixão”. Sendo necessário superar-se e assumir o papel de protagonista das nossas vidas.