Motricidade humana: entre o presencial e virtual
A perspectiva científica adotada em estudos sobre a Motricidade Humana, como área de conhecimento, segundo Beresford(2002, p.14)) é a que estuda as múltiplas possibilidades intencionais de interpretação do Ser do Homem, em suas condutas e comportamentos motores no âmbito da fenomenologia existencial, ou seja, a partir da complexidade cultural inserida em contexto de circunstância e de corporeidade do homem em constante estado de vacuidades de natureza bio-física, bio-psíquica, bio-ética, bio-sociais ou históricas.
Se refletirmos sobre a forma gnosiológica destes estudos, deveremos sempre primar por um sentido humano em sua essência. Quanto ao constructo epistemológico que poderá nortear o tema proposto, o mais adequado é ter como enfoque principal a dimensão sócio-histórica da motricidade deste mesmo homem, o que nos indica assim um direcionamento aos nossos mecanismos cognoscitivos de “preferências” ou “pré-referências”.
Quais serão as nossas referências motoras em face às tecnologias que surgiram e invadem o espaço de ação com a simulação, não só de ambientes, mas de nós mesmos, sob novos ângulos identitários?
Quanto à compreensão axiológica encontraremos neste ponto o questionamento do valor, do sentido e do significado da nossa participação motriz em ambientes virtuais na medida em que muitos ainda não concebem o valor intrínseco, de conscientização do nosso movimento, dos nossos modos de ação, no real de nossas vidas. Baseando-se desta forma em uma compreensão fenomenológica, que nos leva à atualidade do mundo virtual, poderemos indagar, baseados no fenótipo (do grego pheno, evidente, brilhante, e typos, características, sejam elas morfológicas, fisiológicas e comportamentais e que sofre transformações com o passar do tempo), sobre as variações existentes de uma conduta motora em nossa vivência sócio-histórica; mas, se baseados em nosso genótipo, a indagação acontecerá para além do gene, baseando-se no meme (Humanity has spawned a new kind of meme, the teme, which spreads itself via technology — and invents ways to keep itself alive.Susan Blackmore)
E por fim uma ordenação axiológica será possível ao meta-avaliarmos os novos formatos do conhecimento, as novas formas de agir que criamos e que completam cada vez mais as nossas vidas.
Afinal Souza Santos (1999, p.7) nos diz que “só existe Ciência enquanto crítica da realidade, a partir da realidade que existe e com vistas à sua transformação numa outra realidade”.
Mas, sobre qual realidade nos referimos?
A que é alicerçada na visão humana do nosso corpo, nossos movimentos, nossa comunicação, ludicidade e em formas de cooperação e interatividade.
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